O modelo de descentralização do atendimento de pacientes em tratamento oncológico nas microrregiões de Taiobeiras e de Salinas, por meio das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacons) administradas pela Santa Casa de Montes Claros e pelo Hospital Dilson Godinho, poderá ser disseminada para outras regiões do país que possuem grandes extensões territoriais e onde a população se encontra em situação de vulnerabilidade. Esse é um dos resultados de visita que dirigentes do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e do Conselho de Secretarias de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG) realizaram nesta terça e quarta-feira, 20 e 21/5, à Santa Casa de Montes Claros e aos municípios de Salinas e Taiobeiras.
A descentralização dos tratamentos oncológicos no Norte de Minas foi iniciada em fevereiro de 2020, quando a Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS) aprovou o primeiro serviço de extensão de tratamento oncológico para o município de Salinas. Sob a coordenação da Unacon da Santa Casa de Montes Claros, o atendimento de pacientes é realizado no Hospital Dr. Oswaldo Prediliano Santana.
A superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques avalia que “a experiência da descentralização dos tratamentos oncológicos no Norte de Minas além de proporcionar benefícios diretos aos pacientes, abre novas possibilidades de fortalecimento da rede de assistência à saúde ao proporcionar a abertura de oportunidades de trabalho a profissionais especializados em municípios polo de microrregiões”.
Em Taiobeiras, a extensão do tratamento oncológico clínico foi viabilizada a partir de setembro de 2023, por meio de parceria estabelecida entre a Santa Casa de Montes Claros e o Hospital Santo Antônio. O superintendente da Santa Casa, Maurício Sérgio Sousa e Silva explica que atualmente a instituição atende mensalmente cerca de 1 mil 500 pacientes oncológicos por meio do SUS. Já em Taiobeiras, aproximadamente 300 pacientes fazem o tratamento oncológico.
“O serviço em Taiobeiras, além de atender moradores do próprio município, também atende pacientes de Berizal, Rio Pardo de Minas, Indaiabira, Fruta de Leite, São João do Paraíso e Vargem Grande do Rio Pardo. Ou seja, anteriormente, todos esses pacientes estariam em tratamento em Montes Claros se não fosse a extensão do serviço de oncologia. A iniciativa levou em consideração a humanização do atendimento, a distância geográfica e a parceria do hospital com os municípios envolvidos”, explicou o superintendente.
Nesta quarta-feira, 21/5, no encerramento da visita realizada em Taiobeiras, José Barreto Campelo Carvalheira, coordenador geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer disse que “ficamos desafiados com o modelo que é bastante apropriado para reduzir distâncias, problema que convivemos para levar assistência oncológica aos locais com maior dificuldade de acesso e maior vulnerabilidade. Quatro horas de viagem já é difícil para pessoas sem problemas de saúde, pior ainda é para as pessoas em tratamento de radioterapia e quimioterapia”, pontuou o coordenador do Ministério da Saúde.
Já o secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira, observou que a visita ao Norte de Minas “atendeu a expectativa e o Conasems se coloca à disposição para colocar o modelo como exemplo e experiência exitosa para todo o país. Isso porque, saímos daqui pensando em novas estratégias para atender os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Na mesma linha de raciocínio, ao falar sobre as conclusões tiradas da visita aos serviços de extensão de tratamento oncológico no Norte de Minas, Luciana Vieira, referência técnica do Conasems destacou que “o trabalho é inspirador, pois quando vamos ao território e vemos as experiências que estão dando certo, isso faz muita diferença para pensarmos em novos modelos possíveis de rede de atenção à saúde, visando atender o paciente onde ele de fato precisa de cuidado”.
Já o secretário de saúde de Taiobeiras, Marlon Hállisson Cardoso Ramos concluiu que “foi importante que representantes do Ministério da Saúde e do Conasems tenham conhecido o trabalho que o Norte de Minas tem implementado no sentido de facilitar o acesso de pacientes a tratamentos oncológicos, pois isso pode servir de exemplo para outras regiões do país que tenham características semelhantes à realidade do Norte de Minas.
Por Pedro Ricardo