A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apresentou ontem (24/11), no 10º Festival Lixo e Cidadania, a campanha permanente de combate à dengue para um público de aproximadamente cem prefeitos, além de representantes da sociedade civil e catadores de resíduos.
O gerente do Programa Estadual de Controle Permanente da Dengue, Rodrigo Queiroga, destacou a importância do trabalho contínuo e intersotorial entre Estado, empresas e cidadãos para definir a efetividade das ações de combate à doença e parabenizou a considerável atuação dos catadores de resíduos sólidos no processo de mobilização. “O trabalho dos catadores significa uma complementariedade das ações de saúde pública, pois a partir da eliminação de potenciais focos da dengue eles estão prevenindo a doença no início do seu ciclo e evitando a infestação“, elogiou.
O catador de resíduos da região central de Belo Horizonte, Cláudio Lopes, 52, se admirou com o importante papel que até então desconhecia atuar. “Fico muito feliz de saber que estamos contribuindo diretamente para o combate à dengue, porque até então pensava que estaríamos fazendo pouco para um problema tão grande “, afirmou.
Rodrigo também alertou o público para um aspecto muitas vezes ignorado pela população: a gravidade da doença. Tendo ciência de que contraiu a dengue, o indivíduo não pode se descuidar quanto ao aparecimento do sintomas que indicam o agravamento da doença, tais como: vômitos persistentes, sonolência ou irritabilidade e a oligúria (diminuição da produção de urina).
Para aprender a adotar hábitos de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, o público também teve acesso ao Dengueville, um aplicativo para as redes sociais que ensina como combater o mosquito da dengue e evitar a doença de forma lúdica. “Achei muito interessante o Dengueville, porque é muito fácil de jogar e ainda podemos aprender sobre a dengue”, avaliou o comerciante Robert Souza.
Gestão de resíduos
A mesa de debates do Festival reuniu referências na área ambiental e social que discutiram a implantação da coleta seletiva e os diversos programas que visam à gestão integrada de resíduos e a formalização dos catadores de resíduos.
A diretora de qualidade e gestão ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Zuleika Torquetti, enfatizou a importância da união entre União, Estado e municípios para a execução do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a ser implantado até o próximo ano. “O Estado sozinho não pode resolver tudo. È preciso que os municípios atentem para a formação de políticas municipais de resíduos sólidos para o adequamento da situação dos lixões e implantação da coleta seletiva“, advertiu.
Zuleika chamou a atenção também para a meta de erradicação dos lixões até 2014. “Para alcançarmos essa meta os municípios precisam ter acesso aos recursos da União, mas isso só será possível mediante a constituição de Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, uma condição necessária para os aportes“, completou.
Atualmente, o Estado de Minas Gerais conta com 853 locais de destinação final de resíduos sólidos, sendo destes: 311 lixões, 288 aterros controlados e 254 aterros sanitários (regulares).Segundo o gestor do Comitê Interministerial de Inclusão Social de Catadores de Materiais Recicláveis (CIISC), Rodrigo Passos, há ainda outro grande desafio para 2012: a formalização dos catadores de resíduos por meio do Sistema de Cadastro Único de Catadores e a inclusão dos mesmos nos diversos programas de capacitação e qualificação. “Para o próximo ano, nossa tarefa será formalizar o máximo de trabalhadores e cooperativas possível a partir da indentificação e mapeamento de suas unidades“, afirmou.
Em Minas Gerais, quatro municípios já assinaram o termo de parceria entre o Ministério Público do Estado de Minas Gerais e o Grupo Sada como fomento ao projeto “Reciclando por Oportunidades – Gerando Trabalho e Renda“. Trata-se de uma proposta para capacitação e qualificação dos catadores de resíduos sólidos na estruturação dos galpões de reciclagem e utilização de maquinários que serão doados por entidades parceiras como o Instituto Coca-Cola. Até o final de 2012, mais seis municípios irão aderir ao projeto.
Bolsa Reciclagem
O Governo do Estado anunciou na última segunda-feira, durante a abertura do Festival Lixo e Cidadania, a aprovação da Bolsa Reciclagem, uma iniciativa que dará um incentivo financeiro aos catadores de resíduos sólidos. O recurso orçamentário previsto é de R$ 2 milhões e será reservado às cooperativas conforme regras a serem estabelecidas por um comitê a ser criado.
A Bolsa Reciclagem deverá seguir o mesmo caminho da Bolsa Verde, já em vigor em Minas Gerais e que beneficia aproximadamente R$ 15 milhões de produtores rurais, que também se organizam pelo modelo cooperativista.
Lixo e Cidadania
O Festival Lixo e Cidadania, que acontece no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) e vai até o dia 27/11, marca dez anos desde sua criação. Reúne artistas e artesão de todo o Brasil e mostras de produtos reciclados. O evento é também um espaço de debates entre entidades de reciclagem e meio ambiente que apoiam a iniciativa, como o Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA), a Associação dos Catadores do Papel Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte (ASMARE) e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
CMRR
O Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) é um programa permanente do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), que promove a geração de renda a partir do manejo de resíduos com consciência ambiental. Além de capacitar os catadores, o CMRR também investe em pesquisa e na educação ambiental.
Desde maio deste ano, o CMRR é parceiro da SES-MG no Programa Estadual de Controle Permanente da Dengue. O CMRR indica todas as cooperativas credenciadas em sua rede onde as equipes de mobilização da SES-MG realizam ações como a do Dengue Móvel, um caminhão que recolhe recicláveis em troca de material escolar.
Deste modo, além de prevenir a dengue por meio do descarte de possíveis focos do mosquito vetor, as ações contribuem para a preservação do meio ambiente e ainda geram renda, como explica a coordenadora de mobilização do CMRR, Ana Maria de Pinho: “a gestão de resíduos é uma forma muito importante de agregar valor social a uma atividade que sustenta milhares de pessoas. Ao mesmo tempo, estamos mostrando à comunidade o impacto que isso tem na prevenção à dengue e ao meio ambiente”, explicou.Agência Minas, acesse aqui as notícias do Governo de Minas. Acompanhe também no http://www.youtube.com/agenciaminasgerais
Autor: Alexandre Ribeiro