Norte de Minas reforça importância das políticas públicas nas ações de prevenção do suicídio

Crédito: Pedro Ricardo

Facilitar o acesso da população aos serviços de saúde, orientando aqueles que estão em situação de sofrimento e lhes oferecendo o necessário atendimento especializado foi um dos pontos de destaque discutidos por profissionais de saúde que nesta quinta-feira (24/10), participaram, em Montes Claros, do Seminário de Capacitação sobre Prevenção ao Suicídio. O evento, organizado pela Regional de Saúde de Montes Claros em parceria com o Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região (CRP), reuniu dezenas de profissionais que atuam em vários municípios do Norte de Minas, integrantes das regionais de saúde de Montes Claros e Januária.

“Ampliar as discussões sobre a prevenção ao suicídio precisa se tornar uma rotina nos serviços de saúde dos municípios, visto que se trata de um problema sério de saúde pública. Precisamos aplicar recursos financeiros e humanos para conter o avanço desse problema que afeta os municípios e os mais diversos segmentos da população”, ressaltou o psicólogo e conselheiro regional do CRP no Norte de Minas, Ted Nobre Evangelista. Ele destacou que a iniciativa da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em investir na capacitação de profissionais em questões relacionadas à prevenção do suicídio se constitui uma estratégia acertada e que, por parte do Conselho Regional de Psicologia, merece todo o apoio.

Ao apresentar os dados epidemiológicos das notificações de automutilação e de suicídios ocorridos no Norte de Minas nos últimos cinco anos, a psicóloga e referência técnica em saúde mental da Regional de Saúde de Montes Claros, Alcina Mendes Brito, frisou que os serviços de saúde precisam reduzir a subnotificação dos casos. “Somente a partir de dados reais sobre a situação é que os municípios terão condições de criar políticas públicas de prevenção condizentes com a realidade”, alertou Alcina Brito.

A referência técnica lembrou que o país já conta com uma série de legislações específicas para adoção de medidas de prevenção do suicídio e da automutilação. “Nesse contexto, cabe aos municípios adotarem as políticas públicas necessárias para prevenção, apoio e orientação das pessoas em situação de sofrimento”, frisou.

Ao ministrar palestra sobre a pessoa com risco eminente de autoextermínio, sobre como o tema prevenção ao suicídio deve ser abordado no ambiente escolar e sobre automutilação entre adolescentes, o professor universitário e doutorando da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ronado Santhiago Bonfim de Souza, reforçou a importância da notificação dos casos e a melhoria do acesso da população aos serviços de saúde já existentes. “Não adianta um município possuir um Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) e, ao mesmo tempo, não levar ao conhecimento da população que lá existe um serviço em condições de acolher uma pessoa em situação de sofrimento”, observou o professor.

“Precisamos que os profissionais de saúde, desde a Atenção Primária até os serviços especializados de saúde mental, façam uma abordagem reflexiva sobre o comportamento suicida. É preciso termos uma visão bio-psíquica-social, pois cada pessoa se constitui um conjunto de elementos biológicos e psicológicos, além de determinantes sociais que influenciam o comportamento”, frisou Ronaldo Santhiago.

O professor acrescentou que as campanhas de prevenção ao suicídio não devem ficar concentradas apenas no Setembro Amarelo, visto que a prevenção precisa acontecer durante todo o ano, levando em conta que os casos não têm época determinada de ocorrer, bem como o acolhimento das pessoas em situação de sofrimento. “Quanto mais políticas públicas forem criadas no sentido de proteger as pessoas, melhores resultados serão obtidos com a redução dos suicídios e das automutilações, aliado à fundamental notificação dos casos pelos serviços municipais de saúde”, advertiu Ronaldo Santhiago.

Colegiado

Ainda nesta quinta-feira (24/10), a Regional de Saúde de Montes Claros realizou reunião bimestral do Colegiado Gestor de Saúde Mental do Norte de Minas. Entre outras decisões, foi definida a criação de um grupo de trabalho que vai definir proposta de criação dos comitês municipais de gestão dos serviços de saúde mental, conforme previsto na Portaria 3.088, que define a operacionalização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

Autor: Pedro Ricardo

Rolar para cima