O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, voltou a pedir paciência em relação às intenções de eventual flexibilização das medidas de distanciamento social. Durante entrevista coletiva virtual, concedida no início da tarde desta quarta-feira (06/5), em Belo Horizonte, o gestor chegou a comparar o enfrentamento à Covid-19 como uma maratona, ou seja, uma prova de longa duração. Na ocasião, citou ainda o papel do programa Minas Consciente, como ferramenta de coordenação e estabelecimento de padrões de isolamento e distanciamento de forma efetiva.
Amaral também mencionou o andamento da estruturação da rede de saúde no território do estado, em níveis micro e macrorregionais. “Temos um caminho bem traçado. Recebemos os planos de contingência elaborados para as regiões de saúde. Faremos ainda alguns ajustes, mas estamos avançando na adaptação dos serviços de saúde para termos a menor pressão possível sobre o sistema por conta da Covid-19”, declarou.
Carlos Eduardo Amaral fez comentários sobre as projeções estimadas para o pico de contágio para casos da doença e a demanda por leitos. “Nós estimamos um pico em 06 de junho, com cerca de 3.000 pessoas acometidas e 1.500 necessitando de terapia intensiva. O nosso ideal é não ter nenhum pico, queremos ir diluindo isso ao longo do tempo, mas os fatores são dinâmicos. Qualquer alteração na trajetória da velocidade de contágio pode modificar essas projeções e gerar muito estresse sobre a rede de saúde”.
Questionado sobre a situação dos hospitais regionais, o secretário deu esclarecimentos sobre a diferença de situação entre o hospital previsto para Juiz de Fora, que não consta do que foi acordado como medida de reparação dos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho. “O hospital de Juiz de Fora tem uma questão diferente, pois para retomada das obras que estão paralisadas há acordos judiciais em decorrência da reparação dos danos ambientais e sociais que esses rompimentos de barragem causaram. Para a macrorregião Sudeste, na qual Juiz de Fora está inserida, vamos fazer uma análise do panorama assistencial para que possamos verificar como dar andamento à instalação dessa unidade em específico”, declarou.
Números
Ao comentar os números da Covid-19 em Minas, o secretário informou que, no momento, há 2.605 casos confirmados da doença, com confirmação de 97 mortes. Outros 109 óbitos estão em investigação e 479 foram descartados. Para o secretário, o número de descartes vem aumentando, o que demonstra que a análise sobre os novos casos tem sido dada em tempo razoável. “É um trabalho de avaliação bastante laborioso, de checagem de informações, para que possamos ter os dados publicados da forma mais precisa possível”.
Em relação aos motivos que justificam os índices relativamente baixos da doença em Minas, no comparativo com outros estados, Amaral acredita que um conjunto de fatores contribuiu para essa situação epidemiológica. “Tivemos isolamento em momento oportuno, acompanhado de um bom nível de adesão social. Nós estamos vendo nas ruas, nos pontos de ônibus, as pessoas utilizando máscaras, relatando um cuidado maior com a higiene das mãos, não tocar o próprio rosto. São demonstrações de que o mineiro aderiu bem ao que propusemos, de maneira geral”.
Ao comentar sobre o interior do Estado, o secretário considerou a possibilidade de que o distanciamento natural entre esses municípios possa ter contribuído com a menor circulação de pessoas, mas não seria o suficiente para servir como única explicação para o número menor de casos nas cidades menores. “Nós temos também cidades ou grupos de cidades com adensamentos populacionais importantes e que também não apresentam um número de casos tão alto. Então na nossa avaliação há outros fatores que ajudam a ter esse padrão no estado”.
Carlos Eduardo Amaral também ressaltou que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) não é um sinônimo para a Covid-19, uma vez que diversas doenças respiratórias podem evoluir com quadro da SRAG, desde uma asma, bronquite, passando por uma pneumonia, tuberculose, intoxicação exógena, edema agudo de pulmão, câncer, além das gripes e do próprio coronavírus. Ou seja, qualquer quadro de insuficiência ou dificuldade respiratória aguda que apresente febre (ou sensação febril) e ficou hospitalizado ou que evoluiu para óbito por SRAG independentemente de internação, é notificado como “SRAG hospitalizado”. “O que nós vimos foi uma notificação mais acentuada, o que nós incentivamos, para que ao menor sinal, pudéssemos ter a contabilização desse caso e tomar as medidas que fossem necessárias, conforme o plano de contingência”.
O secretário ainda adicionou que a SES-MG tem procurado sofisticar a análise sobre o isolamento, em conversas com a Prodemge e operadoras de telefonia, de forma a ter monitoramento em tempo real e de forma regionalizada.
Em relação ao programa Minas Consciente, o secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, lembrou que os municípios devem manifestar junto à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) o interesse em aderir ao plano, que funcionará como elemento de coordenação para o distanciamento social. “A partir daí, podem ser necessários alguns ajustes, conforme o caso”. Marcelo Cabral ainda adicionou, ao encerrar, sobre a importância da manutenção das medidas de higiene e distanciamento, para que o enfrentamento à Covid-19 transcorra da melhor maneira possível.
Autor: Ramon Santos