A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros concluiu, na quinta-feira, 18 de maio, a realização de capacitação de profissionais de saúde de 17 municípios que integram a sua área de atuação, com foco na identificação taxonômica de triatomíneos, mais conhecidos como barbeiros, transmissores da doença de Chagas. Trata-se da segunda etapa de capacitações iniciadas em dezembro do ano passado, quando profissionais de 22 municípios participaram de treinamento teórico e prático ministrado no Laboratório de Saúde Única e Doenças Tropicais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Com três dias de duração, a capacitação foi ministrada pela tecnologista em saúde pública e curadora da coleção de vetores tripanosomatídeos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Raquel Aparecida Ferreira, com apoio da referência técnica Valéria Carla Faria Amaral. A iniciativa conta com o apoio do Centro São Paulo-Minas Gerais para Tratamento da Doença de Chagas (SaMI-Trop), do Ministério da Saúde, por meio do Projeto Integra Chagas e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
A bióloga e referência técnica do Laboratório Macrorregional do Norte de Minas, Patrícia Brito, explica que a capacitação de profissionais que atuam em laboratórios e nos serviços de vigilância epidemiológica e de saúde dos municípios “é uma ação estratégica, com o objetivo de reforçar a importância da identificação dos triatomíneos transmissores da doença de Chagas. Consequentemente isso viabilizará a realização de ações mais rápidas visando a eliminação desses vetores, possibilitando a redução da transmissão da doença, além dos serviços de saúde reforçarem as ações de vigilância e diagnóstico precoce”, disse a bióloga.
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, entende que “o fortalecimento de parcerias entre a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) com a Fiocruz, tanto na capacitação de profissionais quanto na realização de pesquisas, é de fundamental importância para o incremento do Programa de Controle da Doença de Chagas no Norte de Minas, visto se tratar de um problema de saúde que ainda causa importante impacto social e econômico”.
A tecnóloga da Fiocruz, Raquel Ferreira, também reforça a importância da capacitação dos profissionais de saúde, levando em conta se tratar de uma demanda antiga. “Quando a Fiocruz e demais instituições parceiras realizam as capacitações, nossa expectativa é de que os profissionais de saúde consigam realizar a identificação taxonômica dos vetores transmissores da doença de Chagas reduzindo, com isso, a necessidade das análises serem feitas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) ou no laboratório da Fiocruz. Isso agiliza o trabalho dos serviços de saúde, além de manter a população mobilizada em relação à vigilância contra a doença de Chagas. Quando se tem resposta rápida na análise dos vetores coletados e entregues pela população aos serviços municipais de saúde para avaliação laboratorial, a mobilização das comunidades se mantém ativa e cada vez mais participante”, destaca Raquel Ferreira.
A doença
A doença de Chagas é potencialmente fatal, causada pelo microrganismo Trypanosoma cruzi. Ela é transmitida aos seres humanos por insetos conhecidos como barbeiros, transfusão de sangue ou transplante de órgãos; consumo de alimentos contaminados ou durante a gravidez e o parto.
Essa doença é quase 100% curável, se detectada e tratada precocemente. Até 30% dos pacientes com a doença desenvolvem problemas cardíacos, e até 10% apresentam problemas digestivos, neurológicos ou mistos. O diagnóstico e tratamento desta doença são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Dados da Fiocruz revelam que na América Latina cerca de 70 milhões de pessoas estão sob risco de infecção e 104 mil podem morrer por ano pela doença de Chagas.
Autor: Pedro Ricardo