Atendimento em grupo auxilia pacientes no tratamento dos tipos B e C
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 150 milhões de pessoas no mundo têm hepatite C. O perigo é que muitos carregam o vírus sem saber, já que ele pode agir por décadas sem manifestar sintomas, resultando na demora em buscar orientação médica. O diagnóstico tardio contribui para a forma crônica da doença, resultando em lesões no fígado (cirrose) e câncer hepático.
Não só a do tipo C, mas todas as cinco formas da doença são graves e podem ser mortais. Por outro lado, o tratamento dos casos crônicos (com as quais é preciso viver para sempre), pode se tornar longo e desgastante, levando muitas vezes os pacientes a interromperem o uso de medicamentos.
Buscando uma luz para esse problema, uma dissertação defendida no Programa de Pós-graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG, da psicóloga Cláudia Cristina da Cunha, demonstrou que participar de um grupo operativo – composto por pessoas com hepatite C crônica sob orientação de diferentes profissionais de saúde –, é uma técnica que pode ajudar muito no restabelecimento de sua qualidade de vida. E o momento do diagnóstico é primordial para essa orientação.
Cláudia Cunha acompanhou um grupo operativo do Hospital das Clínicas da UFMG – desenvolvido por equipe voluntária, composta por farmacêutico, psicólogo, nutricionista, médico e enfermeiro –, atualmente usado como opção e complemento ao tratamento tradicional.
Ela observou que o envolvimento do grupo com a equipe multiprofissional leva a um tratamento mais bem sucedido, inclusive nos casos em que não são usados medicamentos. Dentre os principais problemas identificados, ela destaca o desconhecimento das formas de transmissão da doença. Isso acaba por interferir nas relações de trabalho, família ou sociais, muitas vezes por que o paciente, por desconhecimento, teme transmitir a doença e evita conviver com outras pessoas.
Chamando a atenção para o fato de que a vida do portador de hepatite crônica não seja pautada apenas pela doença, Cláudia Cunha destaca ainda que o tratamento não é “só medicar”. “O acompanhamento é o maior tratamento”, afirma. A doença pode, por exemplo, acontecer em um momento difícil da vida, que promova a baixa da imunidade, e o vírus volte a se desenvolver. Também pode ser que o medicamento seja contraindicado ao paciente, como nos casos de forma grave da doença, diabetes, hipertensão ou obesidade, por exemplo, e que agravariam esses problemas.
O ideal, segundo ela, é que as políticas públicas sejam voltadas para o individual, dentro do coletivo. Ou seja, estimular que os grupos encontrem suas estratégias de tratamento, buscando harmonizar com as impressões e desejos de seus membros. A mesma metodologia, recomenda, pode ser aplicada em outras doenças crônicas que demandam adaptação de novos modos de vida e convívio com outros pacientes.
O grupo operativo é aberto à população e acontece toda ultima quinta-feira do mês, na Faculdade de Medicina da UFMG. Para mais informações ligue 3409 9906.
SERVIÇO
Título: Qualidade de vida em pacientes com hepatite C crônica
Nível: Mestrado Profissional
Autora: Cláudia Cristina da Cunha
Orientadora: Eliane Costa Dias Macedo Gontijo
Coorientadora: Luciana Diniz Silva
Programa: Promoção da Saúde e Prevenção da Violência
Defesa: 11 de junho de 2013
Autor: Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG