A partir do mês de fevereiro, a Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros iniciará nas unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF) a classificação de risco (Protocolo de Manchester), sistema internacional que classifica os pacientes e suas prioridades clínicas no atendimento de urgência e emergência. Os enfermeiros das unidades já estão sendo treinados para realizar a classificação.
O secretário municipal de Saúde, Geraldo Edson Guerra, diz que a medida vai garantir mais qualidade no atendimento. “A classificação possibilita um atendimento mais rápido, com mais qualidade e resolubilidade. Naturalmente, no início pode causar certo estranhamento e até alguma resistência porque os usuários estão acostumados com a classificação somente nos hospitais, mas, gradativamente, vamos vencer essa dificuldade e todos irão entender que a medida é para melhorar o serviço e que o maior beneficiado é o paciente”, justifica.
Em Minas Gerais a Classificação de Risco está sendo implantada em todos os pontos de atenção à saúde (unidades básicas, unidades mistas, pronto atendimento, pronto socorro hospitalar, hospitais gerais e especializados). A medida possibilita utilizar uma linguagem comum com critérios uniformes que permite estabelecer o melhor local para atendimento no menor tempo possível.
A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros iniciou em 2009 a implantação da classificação de risco na atenção primária dos 53 municípios sob sua jurisdição e em Pirapora, com um total de 320 equipes de ESF a serem treinadas. Os municípios receberam oxímetro, termômetro timpânico e triu, equipamento necessário para a realização da classificação.
Até o momento, 152 equipes foram treinadas e a superintendente regional de Saúde, Olívia Pereira de Loiola, diz que a expectativa é que neste ano o processo seja concluído. “Nos municípios onde não é feita a classificação nas unidades básicas de saúde, como Montes Claros, a maior demanda dos hospitais são pacientes que deveriam ser atendidos na atenção primária. Ao realizar a classificação na UBS a tendência é que somente os paciente urgentes cheguem ao pronto socorro, tirando a sobrecarga dos hospitais”, avalia a superintentende.
Classificação em Montes Claros
Segundo a coordenadora municipal de Urgência e Emergência, Cláudia Bacchi, 30 enfermeiros foram treinados e multiplicarão o treinamento entre os outros profissionais das unidades de ESF do município. “Além do oxímetro e termômetro timpânico, a Secretaria de Estado de Saúde disponibilizou 15 trius e estamos aguardando a chegada de mais 79. Até o final de janeiro vamos promover reuniões com os presidentes de associações de bairros para apresentar os benefícios de se realizar a classificação nas unidades de saúde para que nos ajudem a disseminar a informação junto à população”, explica.
Cláudia Bacchi diz que o maior desafio é conscientizar a população a procurar primeiro a unidade de saúde em vez do hospital. “Vamos fazer uma grande campanha de orientação para mudar essa cultura. Nossa expectativa é que após a efetivação do serviço o pronto socorro dos hospitais seja aliviado e as pessoas possam ser assistidas de forma mais humanizada”, planeja. Segundo a coordenadora, os pacientes classificados com cor vermelha (emergência) e laranja (muito urgente) serão encaminhados ao hospital através do Samu. “Também estamos criando protocolos para definir o fluxo de atendimento de forma que os pacientes que necessitarem de transferência sejam mais bem assistidos”, completa Claudia Bacchi.
De acordo com a coordenadora municipal da Estratégia Saúde da Família, Nayara Teixeira Gomes, Montes Claros possui 79 equipes de ESF cobrindo 59% da população. “Vamos iniciar a classificação nas unidades compartilhadas, ou seja, que possuem duas ou três equipes trabalhando integradas. São as unidades dos bairros Independência, Morrinhos, Vila Oliveira/Mauriceia, Tancredo Neves/Tiradentes, Cintra, Santa Lúcia/Monte Carmelo, Santos Reis/Bela Paisagem/São Francisco de Assis e Delfino/Jardim Palmeiras. Em seguida, implantaremos o serviço nas demais unidades”, planeja.
Classificação de Risco
O objetivo da classificação de risco não é fazer um diagnóstico, mas sim definir uma prioridade clínica para o primeiro atendimento médico. Através do Protocolo de Manchester é possível identificar rapidamente os pacientes permitindo atender em primeiro lugar casos mais graves e não os que chegam primeiro.
Ao procurar o serviço, o paciente é encaminhado para o setor de triagem onde é atendido por um enfermeiro responsável por identificar os motivos que o levaram a buscar atendimento. Na triagem, o enfermeiro identifica sinais que permitam atribuir o grau de prioridade clínica no atendimento e o tempo máximo de espera recomendado. O doente, então, é identificado com uma cor (vermelho, laranja, amarelo, verde ou azul), que corresponde à gravidade do caso, até a primeira observação médica.
Aos doentes com patologias mais graves é atribuída a cor vermelha, que corresponde a atendimento imediato. Os casos muito urgentes recebem a cor laranja, para serem atendidos em dez minutos. Aos casos de gravidade média é atribuída a cor amarela, com prazo máximo de atendimento em uma hora. Os pacientes que recebem as cores verde e azul representam casos de menor gravidade, podendo ser atendidos em um espaço de tempo maior.
Para realizar a classificação as unidades utilizam o software ALERT, que informatiza o uso do protocolo de forma mais eficiente e segura. O software conta com telas sensíveis ao toque (touch-screens) e identifica profissionais e pacientes por meio de fotografia, pulseiras com código de barras e de dados biométricos.
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Autor: Jerúsia Arruda