Regional de Montes Claros e Fiocruz pesquisam aumento da leishmaniose em São João do Pacuí

Instalação de armadilhas em áreas próximas a domicílios - Foto: SRS montes Claros

Nesta terça-feira, 25 de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), iniciaram em São João do Pacuí, no Norte de Minas, pesquisa para identificar os vetores que estão causando o aumento dos casos de leishmaniose tegumentar no município. Trata-se de uma doença infecciosa que é transmitida aos seres humanos pela picada de fêmeas de flebotomíneos (espécie de mosquito) infectadas. A doença não é contagiosa, mas nas pessoas infectadas, provoca o aparecimento de úlceras na pele e mucosas.

A pesquisa terá duração de um ano e, além da participação de referências técnicas das coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, os trabalhos serão conduzidos pelo pesquisador e coordenador do Centro de Referência da Competência Vetorial de Leishmaniose da Fiocruz em Minas Gerais, Edelberto Santos Dias, com a participação da pesquisadora Érika Michalsky Monteiro, e da doutoranda Nathalia Cristina Lima Pereira.“Durante um ano faremos o estudo entomológico em São João do Pacuí. Uma vez por mês, durante três noites consecutivas, profissionais de saúde do município farão a captura de vetores e, após triagem, os encaminharão para serem analisados no laboratório da Fiocruz, em Belo Horizonte”, explica Edelberto Dias.

Periodicamente os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e referências técnicas da SRS Montes Claros retornarão ao município para apresentar os resultados preliminares dos estudos e, ao final de um ano, definirão quais meses são os mais apropriados para a realização de ações de eliminação de vetores, com a utilização de inseticidas.

Em 2018 foram notificados três casos de leishmaniose no município. Entre 2019 e 2021 foram registrados sete casos, por ano. Já em 2022 foram notificados 11 casos da doença em São João do Pacuí.

Em abril deste ano a SRS Montes Claros realizou a primeira etapa de capacitação de agentes de controle de endemias de São João do Pacuí para o controle da leishmaniose. O trabalho teórico e prático foi conduzido pela referência técnica Bartolomeu Teixeira Lopes, com a participação da referência técnica do Laboratório Macrorregional da SES-MG, sediado em Montes Claros, Clarissa Fernandes Gomes. Nesta semana, a capacitação está sendo reforçada com a participação de pesquisadores da Fiocruz. Com isso, profissionais de saúde do município estarão habilitados para realizar a coleta e a triagem de vetores capturados dentro e fora de domicílios, por meio da instalação de armadilhas.

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes explica que, a partir da identificação dos fatores que estão causando o aumento da incidência de leishmaniose tegumentar em São João do Pacuí, algumas das recomendações que poderão ser repassadas à população incluem o uso frequente de repelentes e a dedetização de domicílios, principalmente os localizados próximos a criatórios de frangos.

Pesquisadores da SES-MG, da Fiocruz e do município de São João do Pacuí - Foto: SRS montes Claros

 

A doença

Insetos do gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira e birigui, são os principais vetores da leishmaniose tegumentar. Os animais domésticos são hospedeiros acidentais da doença, mas sem transmiti-la para as pessoas.

O período de incubação da doença é, em média, de dois a três meses. Porém, pode apresentar períodos mais curtos de duas semanas, ou mais longos, de dois anos.

O surgimento de lesões indolores na pele ou mucosas (nariz, boca e garganta) é a principal característica de manifestação da doença. O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames laboratoriais e o tratamento é oferecido à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Autor: Pedro Ricardo

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