Com mais de 1,3 mil transplantes realizados desde 1993 por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a Santa Casa de Montes Claros, maior hospital do Norte de Minas, está realizando, neste mês, a Campanha Setembro Verde, de conscientização dos funcionários e da população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. A instituição é a principal referência do Sistema Estadual de Transplantes na captação de doadores de órgãos e tecidos no Norte e Nordeste de Minas. O sistema integra a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), instituição ligada à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
A doação de órgãos é um ato pelo qual a pessoa manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas que aguardam transplante.
“A conscientização é o primeiro passo. A falta de conhecimento e discussão sobre o assunto levam a recusas familiares que poderiam ter sido convertidas em doações. Existe uma fila grande de pessoas à espera de um órgão que, muitas das vezes, não terão tempo suficiente para sobreviver a essa espera. Um único doador tem a capacidade de salvar várias vidas”, ressalta a coordenadora médica da Comissão Interna de Doação de Órgãos e Tecidos da Santa Casa de Montes Claros, Maria Fernanda Freitas de Figueiredo.
A médica explica que “não é necessária a formalização de um documento para a doação de órgãos ou tecidos. Basta a pessoa interessada comunicar à família sobre o desejo de ser doador. A autorização familiar é imprescindível para a doação”.
Devido à pandemia da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a campanha está sendo implementada com ações restritas. Os funcionários da Instituição receberam porta crachás e máscaras de proteção em alusão ao setembro verde. Além disso, no pátio do hospital foi montada uma exposição de esculturas dos órgãos e sobre a história da implantação do serviço de transplantes na instituição.
Procedimentos
No primeiro semestre deste ano, a Santa Casa de Montes Claros foi a instituição que mais somou a realização de transplantes de fígado e rins no estado, totalizando 74 procedimentos. Nos últimos 27 anos, além de fígado e rins, a instituição passou a atender demandas de transplantes de córneas e tecido musculoesquelético. Também contribui com a captação de outros órgãos para a realização de transplantes de pâncreas e coração em várias localidades do estado e do país.
Neste ano, até o início deste mês, a Santa Casa realizou 90 transplantes. Além disso, o hospital enviou para o Sistema Nacional de Transplantes, 68 córneas, três corações, dois fígados, dois rins e um pâncreas.
Sistema Estadual
O Sistema Estadual de Transplantes é composto pela Central Estadual de Transplantes (CET) e pelas Organizações de Procura de Órgãos (OPO’s). É responsável por coordenar a política de transplantes de órgãos e tecidos do Estado de Minas Gerais, regulando o processo de Notificação, doação, distribuição e logística, avaliando resultados e capacitando hospitais e profissionais afins na atividade de transplantes.
Criado em 1992, o MG Transplantes é reconhecido nacionalmente. É responsável, por meio do Serviço Nacional de Transplantes (SNT), por monitorar a lista única de transplantes de órgãos e tecidos; receber fichas de inscrição dos profissionais autorizados a transplantar; manter busca ativa constante nos hospitais de cada uma das sete OPO’s, entre outras funções.
A Central Estadual de Transplantes (CET) está sediada em Belo de Horizonte e as OPO’s nas regiões Norte/Nordeste (Montes Claros); Sul (Pouso Alegre); Leste (Governador Valadares); Zona da Mata (Juiz de Fora); Oeste (Uberlândia), na cidade de Ipatinga e Região Metropolitana (Belo Horizonte).
Autor: Pedro Ricardo Barbosa