Secretário descarta vacinação em massa e em outros municípios da região

Secretário descarta vacinação em massa e em outros municípios da região

O secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, voltou a descartar, hoje (26.10), durante audiência pública, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o risco de uma epidemia de meningite C, em Ouro Branco e em outros municípios da região Central do Estado, como Congonhas e Conselheiro Lafaiete. Segundo o secretário, de 10% a 30% da população é portadora assintomática da bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) na nasofaringe (garganta).

Fatores como a virulência da cepa bacteriana, o estado imunológico do indivíduo, a existência de aglomerados populacionais e fatores ambientais, como poluição do ar e condições climáticas podem desencadear a doença. Foi o que ocorreu em Ouro Branco, no alojamento da empresa Paranasa.

Sobre a vacinação em outros municípios da região, o secretário Antônio Jorge explicou que “como Congonhas e Conselheiro Lafaiete estão próximas de Ouro Branco é compreensível que a população se preocupe com a vacinação nestes municípios também. Mas ressalto que se estendermos a vacinação para essas cidades cometeremos um erro técnico, pois não há nenhuma indicação para vacinação nestes dois municípios. Os casos notificados nestas cidades estão dentro do esperado e não foi observada nenhuma ligação com o problema em Ouro Branco”. De acordo com a médica infectologista e assessora da Subsecretaria de Vigilância Sanitária, Tânia Marcial, para que haja a intervenção por meio da vacinação é necessário que existam indicações precisas, como, por exemplo, a detecção de três focos distintos de transmissão da doença na mesma região, em um período inferior a três meses, além de um número mínimo de dez pessoas infectadas a cada 100 mil habitantes.

“Esta audiência, feita a pedido do deputado Thiago Ulisses, é uma janela de oportunidade. Trata-se do espaço mais adequado para que possamos esclarecer, de vez, que não há epidemia, que não há necessidade de se fazer vacinação em massa e em municípios vizinhos. Em Ouro Branco, comprovamos a ocorrência de um surto localizado no alojamento da empresa Paranasa. É preciso deixar claro que essa doença pode se manifestar de forma isolada e que só se caracteriza como surto, quando surgem outros casos dentro de um mesmo espaço, quando se dá o contágio”, esclareceu Antônio Jorge.

Critérios

Nesse episódio de Ouro Branco, segundo o secretário, foi implantada a melhor prática em casos da ocorrência de surtos, que é o bloqueio por antibiótico (quimioprofilaxia) em 1.200 trabalhadores abrigados em alojamentos da Paranasa onde ocorreu o surto. “Podemos considerar que esse é o estado da arte no que se refere ao protocolo de imunização”, disse o secretário, ao destacar quais foram os critérios adotados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, ao priorizar a faixa etária de 04 a 30 anos como alvo da vacinação, iniciada no último dia 24.10.

“Seguimos os mesmos critérios adotados nos Estados Unidos e em países europeus: é preciso que sejam identificados três focos diferentes na mesma região em um período de três meses, que o número de casos identificados esteja na proporção de 10 por 100 mil habitantes. Como o surto em Ouro Branco se encaixava em todos os critérios, optamos, depois do bloqueio por antibiótico, pelo bloqueio vacinal.

A faixa etária, segundo Antônio Jorge, também obedeceu a critérios técnicos. “A doença se manifesta, prioritariamente, em crianças e em adolescentes com até 19 anos. Em casos de surtos, a meningite dificilmente acometerá pessoas com mais de 29 anos”.  Outro dado importante, segundo o secretário, é que “em Minas Gerais, crianças com menos de 04 anos já estão imunizadas contra a meningite, uma vez que o estado foi o primeiro a incorporar a vacina em seu calendário, em 2008, medida que também passou a ser adotada pelo Ministério da Saúde”, lembrou o secretário.

A doença

A Meningite ocorre o ano todo, de forma endêmica; é provocada por vários agentes causadores (etiológicos): Bactérias, Vírus, Fungos e Parasitas. A incidência é diferente nas diversas regiões e municípios de Minas Gerais. O controle das meningites é realizado através de uma vigilância constante, executada pelas Vigilâncias Epidemiológica envolvendo as Secretarias Municipais, Estaduais e Ministério de Saúde, devido à transmissibilidade, patogenicidade e potencial de causar epidemias.

Do ponto de vista da saúde pública, os agentes etiológicos da meningite mais importantes são as bactérias e os vírus, devido à magnitude de ocorrência e potencial de produzir surtos.

Entre as meningites bacterianas, destacam-se as causadas pela Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae, e Mycobacterium tuberculosis.Em geral a transmissão dos agentes bacterianos é de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, havendo necessidade de contato íntimo (residentes da mesma casa, colega de dormitório ou alojamento) ou contato direto com as secreções respiratórias do paciente. Indivíduos de qualquer idade são suscetíveis às meningites, entretanto, o grupo etário de maior risco para adoecimento é o de crianças.

É importante ressaltar que as pessoas não devem se automedicar. Caso surjam alguns dos seguintes sintomas, devem procurar assistência médica. Os sintomas são: em adultos: febre alta, dor de cabeça forte, vômitos, mal-estar geral, extremidades frias e prostração, podendo ocorrer convulsões, rigidez da nuca, sinais neurológicos de irritação nas meninges; nos bebês, principalmente nos menores de 9 meses, as manifestações podem ser inespecíficas (sem rigidez na nuca, apresentando-se) com: febre, prostração, irritabilidade, choro excessivo, vômitos, recusa alimentar, abaulamento das fontanelas (“moleiras”) e convulsões.  Agência Minas, acesse aqui as notícias do Governo de Minas. Acompanhe também nohttp://www.youtube.com/agenciaminasgerais

Autor: Gisele Bicalho


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