SES debate Rede de Urgência e Emergência e SUS Fácil em audiência pública na ALMG

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A manhã desta quinta-feira, 03/04, foi de debate sobre os desafios da Rede de Urgência e Emergência e do Programa SUS Fácil no Plenarinho IV da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A convite da Comissão de Saúde, o coordenador de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde, Nicodemus de Arimathea e Silva, explicou o funcionamento da rede em Minas, avaliando as dificuldades e os avanços que a atenção aos casos urgentes tem alcançado em várias regiões do Estado. “De maneira global, Minas não tem falta de leito de UTI, mas a distribuição desses leitos ainda é desigual. A boa governança diz que o paciente em urgência e emergência deve ir para o hospital mais adequado, no transporte mais adequado, e não para o mais próximo que pode não ter condições de atendê-lo”, ponderou.

Em relação ao SUS Fácil – programa que tem o objetivo de facilitar a transferência de pacientes graves para hospitais de referência – o coordenador citou o exemplo de sucesso da macrorregião de Montes Claros, onde foi implantada a primeira central de regulação da região. “Enquanto aqueles gestores estavam divididos conseguiram pouco, mas quando estrategicamente se uniram e assumiram suas especificidades e suas qualificações e vieram ao gestor estadual, tivemos a oportunidade de instalar a primeira central de regulação naquela região. E apesar das dificuldades, ela navega em harmonia na macrorregião como um todo e raramente vemos pacientes daquela região sendo transferidos para Belo Horizonte, a menos que seja por uma questão de tecnologia”, avaliou.

Também compunham a mesa de convidados, a Diretora da Associação Médica, Ruth Borges; a segunda vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), Cláudia Lemos; o promotor de justiça, Gilmar de Assis; a superintendente regional de Saúde de Varginha, Mabelle Nogueira; a vice-presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha; e o gerente regional de Saúde de Alfenas, Sérgio Coelho.

Entre os temas que foram levantados pela mesa, está a necessidade de melhor definição dos fluxos de referência dos serviços de saúde para atender à necessidade de cada paciente, disponibilizando para os casos mais graves os leitos de maior complexidade e direcionando os demais casos para os outros pontos de serviço da rede, como o atendimento ambulatorial. “A gente tem que trabalhar com programas de internação domiciliar para tirar os casos de baixa complexidade dos hospitais e abrir vagas para os pacientes realmente mais instáveis. [o SUS Fácil] é um programa que traz melhorias, mas não está sendo utilizado em sua potencialidade”, frisou Ruth Borges, da Associação Médica.

Claudia Lemos, do CRMMG, levantou a questão das dificuldades dos médicos para atuarem em cidades do interior, frisando as questões da falta de estabilidade trabalhista para os profissionais que se mudam para atender à demanda e também a questão de infraestrutura para o atendimento aos casos graves. “Não é porque o CRM está preocupado com os médicos que ele deixa de estar preocupado com a questão do financiamento da saúde, do SUS Fácil e dos problemas da saúde como um todo”, frisou.

Para a superintendente regional de Saúde de Varginha, Mabelle Nogueira, o SUS Fácil é uma ferramenta que deixa à mostra as dificuldades para conseguir a transferência de pacientes graves para os hospitais conveniados, e deixando claros os problemas, também indica o caminho para solucioná-los e atender às demandas dos usuários do sistema público de saúde. “O SUS Fácil vem regular leitos e precisa sim de ajustes. Mas ele vem pra acrescentar, para melhorar o serviço e mostrar isso, onde o gestor tem que aplicar o recurso. A gente acredita que esse caminho da rede de urgência e emergência possa suprir parte dessa desestruturação que há e essa necessidade de atender às transferências”, defendeu.

A vice-presidente da Federassantas, Kátia Rocha, levantou questões relacionadas ao investimento insuficiente para atender às demandas; a resistência do corpo médico de entender o conceito de rede integrada e questionar o atendimento à pacientes de outras cidades; e também o problema da dificuldade dos gestores em entenderem qual é o papel dos hospitais, que segundo ela, muitas vezes são confundidos com unidades de pronto atendimento, comprometendo a alocação de recursos para o atendimento hospitalar.

A gestora frisou, ainda, a importância das três instâncias de administração pública – municipal, estadual e federal – se comprometerem com o financiamento dos atendimentos em saúde. “Eu não gostaria mais de ouvir ‘quanto o SUS manda para os hospitais’. Eu gostaria de saber quanto custa a assistência que nós queremos dar ao nosso cidadão”, finalizou.

Autor: Giselle Oliveira

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